Juane Vaillant
Era terça-feira. No cinema, ele deixou uma cadeira vaga entre a minha e a dele.
~ ~
Eu olhei para as nuvens. Elas tinham formas de bicho. A maior de todas era uma águia, que pousou na minha mão.
~ ~
Prometi para mim mesma que nunca mais ia beber. Enquanto isso, jogava uma garrafa de cachaça vazia na porta do carro.
~ ~
Acordei suando. Olhei para o lado e ele ainda estava ali. Acordado.
~ ~
Dois anos antes, ele sentou ao meu lado. O teatro estava vazio e nós não nos conheciamos.
~ ~
Coloquei dois gelos do copo e uma bala no revolver.
~~
Eu passei por ele de cabeça erguida. Embora estivesse me rastejando porta a fora.
~ ~
Sorri fraco quando passei pela ponte. Eu senti que a cidade era minha pela primeira vez. E justo quando eu estava indo embora.
~ ~
Dois passarinhos comeram o resto do meu sanduíche. Eu estava ocupada devorando aqueles prédios.
~ ~
Os fogos pipocavam no céu e eu chorei como um bebê. A praia era tão parecida com a que eu sempre ia. Mas aquele lugar não era minha casa.
~ ~
O cara parecia perfeito. Até dizer o nome dele. Digo, o seu nome.
~ ~
Engoli em seco. Meus olhos roubaram toda a água. “Sim, eu fico.”
~ ~
Eu coloquei meus pés na areia. Vinte anos de memórias me molharam.