Escrita automática



Será que era isso, mesmo? Pensou ela, vasculhando a cabeça com uma lupa tão velha, que não ajudava mais do que atrapalhava. Todavia, ela ainda tinha certa esperança e experiência no assunto. Mas nunca soube, nem demostrar, nem entender o tal, o sentimento.

Essa sensação sobre a qual ela sempre escrevia. Assim como o castelo de Hogwarts, teletransporte e viagem no tempo, esse tipo de coisa para ela sempre foi só sonho e pensamento. Nunca perto. Nunca muito certo.

Na cabeça, embaralhada, trabalhada no lado direito, ela não encontrou o que precisava. Apenas pedaços de película perdidos e misturados a rabiscos amaçados.

Como podia em meio a confusão, achar algo que salvasse? Talvez nos diários, da vida, ela tentou. Mas estava tudo meio turvo pois a fumaça, da mente, estava mais tensa do que antes. E a memória, tão boa, para certas coisas que só podiam ser usadas em mesas de bar, realmente, não existia mais.

Mas, será? Charadas nunca foram bem uma especialidade. Uns dizem ter falta de sorte, outros torcem, para que coisas boas tragam coisas boas. E ela? Ela espera.

Parece-me válido dizer que almejava ser Afrodite, e era cupido. Que queria, ao fundo, ser Capitu, mas era Casmurro. Por isso, não entendia, quando lhe parecia que alguém estava a enxergando fora do prisma comum.

E ele era caleidoscópio.