Menino


já não sabia quanto tempo passara ali, a observar o vento levar as folhas de um lado ao outro. os pombos pousavam bicando, em vão, o chão sujo. pequenos insetos corriam desesperadamente pelas raízes gordas das árvores. estranhava que a natureza os tivesse feito todos iguais. embora soubesse que algumas formigas eram maior do que outras. o som dos sapatos batendo no asfalto era como o som de passos de um cavalo bem lerdo. às vezes, tinha sorte de ouvir o silêncio e, bem no meio dele, escutar o surdo zumbido que a brisa faz ao encontrar o ouvido. um pensamento feliz lhe veio à cabeça: lembrou-se de que domingo era seu dia de folga. alegrando a alma com as pequenezas da vida, esperou a noite chegar e, ali mesmo, dormiu.