Foto: Juane Vaillant |
Ai ando, ando, ando. Sobe e desce de ladeiras. Entro em alguns bares, faço compras, vou em uma festa, visito a cidade vizinha. Dormo, acordo. No outro dia vejo uma casa que parece com a da minha vizinha. E de subido me lembro que na lanchonete perto da igreja do meu bairro tinha um suco igual aquele. Vejo uma roda de “coco” que me lembra um congo. Vou nessa praia que me lembra uma da minha infância. Depois de dois ou três dias percebo que essa cidade não é tão diferente da sua minha como eu imaginava. Que eu amo muitas coisas, mas que outras tantas me irritam.
Uma coisa leva a outra, e acabo conhecendo uma pessoa tão gente fina que parece ser mentira. Uma senhora no meio da ladeira me informa sobre todas as festividades que aconteceriam no final de semana. Nas lojas de artesanato, todos querem saber como é na sua terra. No bloco pré carnaval, um senhor na faixa de 70 anos me ensina a dançar frevo. Ele precisa de me dar as mãos para fazer alguns passos, mas os executa com maestria. Na lanchonete, um homem me conta sua vontade de ir ao Rio visitar sua mãe. Um senhor diz “Tirá foto vai, minha beleza não gasta não…” Todas as pessoas sabem de cabo a rabo a história do lugar como se fosse sua própria história de vida, porque é mesmo.
Passo a passo, dia a dia, eu vou me encantando com Olinda. Suas ruas são lindas, construções antigas de um passado luxuoso e conturbado estão por todo lugar. A paisagens de praia e montanha me deixam sem fôlego.
Mas seus moradores, ah… Esses “locais”! Eles te fazem entender que cidade é cidade. é tudo feito de areia concreto e pedra. O que tem dentro é o que te move a viajar. A sair da sua casa, do seu conforto. Você quer ver praia, neve, torre, floresta. Mas o melhor é ver gente. Ou melhor, enxergar as pessoas. E deixar que elas te enxerguem de volta.